terça-feira, 6 de agosto de 2013
#8: Repense o uso do carro - #50Atitudes


O
aumento da motorização individual, decorrente da deficiência crônica dos
sistemas de transporte de massa, tem intensificado o tráfego nos grandes
centros urbanos, o que gera congestionamentos enormes e degradação ambiental
devido à poluição do ar e sonora. Além disso, o crescente número de veículos
eleva os custos socioeconômicos e provoca sérios danos à saúde. Assim, o
automóvel privado é o principal obstáculo a qualquer iniciativa concreta de
sustentabilidade urbana, e, dessa forma, o sistema de transportes deve ser uma
das fundamentais políticas de qualquer cidade que deseja de fato diminuir os
impactos ambientais causados pela urbanização. Saiba mais sobre esse assunto no
texto de hoje. Vejam alguns dados sobre o tema e confiram algumas sugestões para contribuir de forma positiva quanto a isso.
O número de veículos automotores (automóveis particulares, caminhões e ônibus), de
acordo com uma pesquisa feita em 2010 pelo Ward, publicação especializada na
indústria automotiva, atingiu 1 bilhão de unidades naquele ano em todo o mundo.
Desse número, 70% correspondem a veículos particulares.
Segundo um levantamento realizado pela Agência Internacional de Energia, a frota mundial de veículos chegará a 1,7 bilhão de unidades em 2035. EcoDebate.
Desta
forma, cresce o número de veículos por pessoa. Em 1960 existiam 24 habitantes
no mundo para cada veículo automotor, sendo que este número caiu para 15
habitantes em 1970, 8,1 habitantes em 2000, 6,8 habitantes em 2010 e deve
chegar a 4,8 habitantes em 2030 e a 3,2 habitantes por veículo em 2050.
A
espantosa capacidade do automóvel particular em poluir, leva muitos estudiosos
a considerar o transporte como a causa individual mais significativa de impacto
ambiental. E embora os automóveis atuais estejam cada vez mais eficientes em
termos de consumo de combustível e emissões de gases, esta evolução técnica
será considerada insuficiente no futuro devido o grande número de veículos
rodando pelas ruas e estradas.
Preocupado
com a poluição, Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) criou o PRONCOVE e o PROMOT, Programas de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores
para veículos e motocicletas, respectivamente, com objetivo de reduzir e
controlar a contaminação atmosférica por fontes móveis (veículos automotores) fixando
prazos, limites máximos de emissão e estabelecendo exigências tecnológicas para
veículos automotores, nacionais e importados.
Os
automóveis e motocicletas são responsáveis por 91% dos 76 milhões de
quilômetros rodados anualmente nas cidades brasileiras de 60 mil habitantes ou
mais. Nessas cidades, de acordo com o Ministério das Cidades, o transporte
individual é responsável por 74% do consumo de energia e por 80% da emissão de
poluentes nocivos à saúde humana e à natureza. O custo anual da poluição
atmosférica gerada por carros e motos é de cerca de 3 bilhões de reais. Esses
veículos emitem 4,9 vezes mais poluentes que os veículos utilizados no
transporte coletivo.
Em São Paulo, por exemplo, os veículos são
responsáveis pela emissão de 84% dos poluentes atmosféricos, segundo cálculos
do Banco Mundial. Estudos da USP detectaram poluentes emitidos pela cidade de
São Paulo em municípios situados a mais de 400 quilômetros da capital paulista.
A
“ditadura do automóvel”, como definem militantes ambientalistas partidários do
uso da bicicleta, tem exercido um papel de magnitude inaceitável na conformação
das cidades. No início do século XX, as urbes brasileiras, mesmo as maiores,
eram mais arborizadas e contavam com abundantes praças, parques e jardins.
Infelizmente esse conjunto de áreas verdes diminuiu com o aumento de veículos
privados e a consequente expansão de suas vias de circulação.
O desafio de trocar o carro pela bicicleta
ou por uma caminhada
Dados
preliminares de um estudo indicam que as cidades com mais recursos financeiros
possuem mais instrumentos para a gestão ambiental, porém, possuem
proporcionalmente mais automóveis, e poluem mais que as cidades mais pobres e
com menos instrumentos de gestão ambiental. Deste modo, concluiu-se que as
políticas ambientais dos municípios brasileiros são incapazes de responder aos
problemas gerados pelo automóvel.
Diminuir
o uso de veículos particulares é um desafio que não pode mais ser adiado.
Existem diferentes medidas das quais os gestores podem lançar mão. Uma delas é
o planejamento urbano de bairros com maior densidade populacional. É preciso
aumentar a probabilidade de um morador se deslocar a pé para realizar suas
atividades.
Além
disso, é interessante oferecer taxas diferenciadas para os motoristas que usam
menos seus automóveis. No Brasil e em outros países, os impostos são fixos, e
não baseados diretamente na milhagem anual de cada veículo. Em Singapura, por
exemplo, há incentivos econômicos para motoristas que optam por circular
somente nos fins de semana ou fora dos horários de maior tráfego.
Também
é preciso que modos alternativos de transporte sejam priorizados no
planejamento e gestão desses sistemas. Boa parte dos orçamentos municipais
dedicados ao transporte é utilizada para facilitar o trânsito de veículos
particulares, enquanto que modos de transporte mais corretos são negligenciados.
Construir grandes áreas de estacionamento, ou investir na melhoria das
calçadas? Estimular massivos deslocamentos através de automóveis, ou criar
ciclovias? Estes são exemplos de perguntas que precisam ser consideradas no
planejamento do transporte urbano.
No
Brasil, um relatório do Ministério das Cidades aponta que a maior parte dos
deslocamentos é realizada caminhando (35%). Apesar do expressivo número de
pessoas se deslocando a pé, o estado de conservação das calçadas é precário na
maioria dos municípios brasileiros, o que evidencia a baixa prioridade dos
poderes públicos com respeito a esta forma de transporte. Com a exceção de algumas cidades onde as calçadas são fartamente arborizadas,
predomina nos municípios brasileiros uma escassez generalizada de árvores
nesses espaços, originando um forte desconforto ambiental aos pedestres.
Dados
da Associação Nacional dos Transportes Públicos demonstram que no Brasil a
infraestrutura específica para pedestres e ciclistas é insignificante. A oferta
de vias exclusivas para pedestres é de 0,02% do sistema viário nacional. Apenas
0,15% do sistema viário é composto por ciclovias. A inexistência de ciclovias
contribui para o ínfimo percentual de deslocamentos feitos em bicicleta, de
apenas 3%. Não há equipamentos adequados para esses usuários, que poluem menos,
mas se arriscam mais: 50% dos mortos em acidentes de trânsito ocorridos nas
cidades brasileiras são ciclistas e pedestres.
Existem modos pouco custosos de se impulsionar as viagens urbanas a pé ou em
bicicleta. E as vantagens são inquestionáveis: redução dos engarrafamentos, e da
poluição, aumento da mobilidade entre a população mais carente, melhorias na
saúde pública. Em bairros canadenses planejados para os pedestres e ciclistas,
o uso dos carros diminuiu em até 15%.
Na
Holanda, há uma bicicleta para cada cidadão. Há décadas, o planejamento urbano holandês
estimula a construção de ciclovias e outras facilidades, como estacionamentos.
Naquele país, cerca de 30% das viagens urbanas são feitas em bicicleta. Na
Bélgica, há incentivos fiscais que permitem aos empresários fornecer
bicicletas, gratuitamente, aos seus empregados, e também cupons para compra de
acessórios e serviços. Nessas empresas, a produtividade é maior, de acordo com
o governo belga, porque os trabalhadores adoecem menos.
Os
automóveis contribuem de maneira considerável para o aumento do efeito estufa.
Precisamos ter em mente que a destruição da natureza não é provocada apenas por
gananciosas corporações capitalistas, como reza o senso comum. Também contribui nossa opção individual pelo automóvel privado, com suas graves consequências.
Quais atitudes podemos tomar?
•
Evite locais de tráfego intenso; procure roteiros alternativos. Nas grandes
cidades, nem sempre o caminho mais curto é necessariamente o que toma menos
tempo. Em congestionamentos o veículo polui duas vezes mais.
•
Mantenha seu carro bem regulado. É o modo mais simples de economizar
combustível. Um carro bem regulado chega a consumir até 9% menos combustível
que outro, cujo motor esteja desregulado. E isso representa 9% menos emissões
tóxicas.
•
Mantenha um controle rigoroso do rendimento do seu carro por litro de
combustível. Assim, se observar um repentino aumento de consumo, sabe-se que o
motor está precisando de uma regulagem.
•
Não deixe o motor de seu carro ligado desnecessariamente. Dar a partida consome
menos combustível do que manter o motor funcionando. Em um minuto de motor
ligado, o consumo é maior do que dar a partida de novo.
•
Mantenha sempre limpos os filtros de ar, velas, carburador, platinado e
escapamento. Assim o consumo de combustível é reduzido.
• Evite
carregar o carro com peso excessivo. A cada 50 quilos extras que seu carro
carrega, o consumo de combustível aumenta em mais de 1%.
•
Faça pressão para que as montadoras instalem um conversor catalítico (ou
catalisador) nos automóveis. Se essa peça fosse instalada, reduziria
significativamente os índices de poluição atmosférica.
•
Quando puder, deixe o carro em casa, pegue uma carona, vá de bicicleta ou
caminhando. O meio ambiente agradece!
É isso, pessoal. O que acharam do texto? Qualquer contribuição é sempre bem-vinda.
Até a próxima!
Mais Eco Educação
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Marcadores
Meio Ambiente
Eventos
Consciente
Direitos Animais
Cidades
Cultura
Resíduos Sólidos
Lixo
Arte
Mais Eco Alimentação
Educação
Divulgação
Vegetarianismo
Consumo
Segunda Sem Carne
Sustentabilidade
Arquitetura Sustentável
#50Atitudes
Ecologia
Política
Urbanismo Sustentável
Vídeos
Durante a semana
Mais Eco Arte
Música
Reciclagem
Cinema
Horta
Solidariedade
Adoção
Cerrado
Água
Fotografia
Astronomia
Agricultura
Jogos e Brincadeiras
Lix
Manifestação
Pneu
Resi
Seguidores
Visitas
86,442
0 comentários:
Postar um comentário