Ecoar Goiânia

O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por uma área de 2 milhões de km², abrangendo dez estados do Brasil Central, entre eles os Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. Há outras áreas de Cerrado, chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga.

O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com mais de 10.000 espécies de plantas, com 4.400 endêmicas. A fauna apresenta 837 espécies de aves; 67 gêneros de mamíferos, abrangendo 161 espécies e 19 endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas; 120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas; apenas no Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 espécies de abelhas e vespas.

Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da década de 1960, com a interiorização da capital e a abertura de uma nova rede rodoviária, largos ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura extensiva, como a soja, arroz e ao trigo. Tais mudanças se apoiaram, sobretudo, na implantação de novas infra-estruturas viárias e energéticas, bem como na descoberta de novas vocações desses solos regionais, permitindo novas atividades agrárias rentáveis, em detrimento de uma biodiversidade até então pouco alterada. Durante as décadas de 1970 e 1980 houve um rápido deslocamento da fronteira agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que resultou em 67% de áreas do Cerrado “altamente modificadas”, com voçorocas, assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. Restam apenas 20% de área em estado conservado!

O Memorial Padre Pereira de Maria, mais conhecido como Memorial do Cerrado é um complexo científico que funciona no Campus II da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, sendo um dos projetos do Instituto do Trópico Subúmido, representa diversas formas de ocupação do bioma e os modelos de relacionamento com a natureza e a sociedade, retratando a história desde a origem do planeta até a chegada dos portugueses no Brasil. Para tal retratação, o Memorial possui algumas unidades principais apresentadas a seguir.

O Museu de História Natural do Memorial do Cerrado: museu que possui uma grande exposição de painéis e cenários que narram a história da Terra e desse bioma brasileiro. Nesse local há também a exposição de formações rochosas, fósseis, réplicas de animais, ambientes reconstruídos em miniatura, textos explicativos, réplicas de esqueletos etc. O que permite ao visitante ter um maior contato com a teoria da formação da Terra e da evolução das espécies, além de conhecer a cultura dos povos americanos e brasileiros.

A Vila Cenográfica de Santa Luzia: é a reconstrução em tamanho original dos primeiros povoados de origem colonial portuguesa na região central do Brasil. A Vila conta com espaço urbano e rural com réplicas de fazendas e oficinas rurais, responsáveis pela geração de riqueza daquele tempo. A riqueza de detalhes impressiona os visitantes que podem ter contato direto com antigas moendas, alambiques de barro, oficina de rapadura e açúcar, oficina de ferreiro, seleiro, funilaria do carapina, serraria etc. Alem disso, as casas, a venda e a escola são cheias de detalhes, objetos e documentos reais da época o que dá uma maior autenticidade à reconstrução.

A Aldeia Indígena: é uma réplica em tamanho original de uma aldeia modelo Timbira, que tem formato circular, na qual cada casa tem um caminho de acesso ao centro de atividades da tribo. Aqui a riqueza de detalhes também impressiona os visitantes. Um detalhe é a ausência de redes nas casas, característica pouco conhecida desses povos.

O Quilombo: é uma réplica fidedigna dos modelos de quilombos existentes no Cerrado, apresenta casas simples e novamente com riqueza em detalhes como a presença de utensílios domésticos, de camas de madeira forradas por palha, tocos que serviam de assento e de estátuas representando vigias e moradores.

O complexo conta ainda com 2km de trilhas ecológicas, um local ideal para o contato com a natureza e o desenvolvimento do espírito ecológico e esportivo. Este espaço proporciona aos visitantes a oportunidade de realizar a interação de conhecimentos relativos ao meio ambiente e à ecologia.

Visitando o Memorial, percebe-se que a cultura, o desenvolvimento sócio-econômico e conservação ambiental estão estritamente interligados e que é necessário encontrar um equilíbrio entre todos esses aspectos para que possamos satisfazer as nossas necessidades sem comprometer a biodiversidade e o desenvolvimento de gerações futuras, ou seja, precisamos trabalhar pensando na sustentabilidade do Cerrado.

Avenida Bela Vista, km 02, Jardim Olímpico - Goiânia – GO.
Mais informações: http://www2.ucg.br/flash/Memo.html