segunda-feira, 24 de junho de 2013

Documentário: A caminho da Copa

Alô, galera. Dias atrás assisti um documentário muito fera. Se chama “A caminho da copa”. Desenvolvido pelo ponto de mídia livre Pólis Digital, aborda a diversidade de opiniões a respeito dos impactos, positivos e negativos, da preparação dos megaeventos no cotidiano das principais cidades brasileiras. Quando terminei a única coisa que eu conseguia pensar era: eu preciso dividir isso com o máximo de pessoas possível. Logo que acabei de ver o documentário, também lembrei de um texto do jornalista Thiago Arantes que um professor meu tinha postado no Facebook há uns tempos. O nome é “2014, a Copa que o Brasil já perdeu”. Lendo o texto e vendo o documentário, não é preciso pensar muito pra saber o por quê. 




Direção e Roteiro: Carolina Caffé e Florence Rodrigues.

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- E a gente era obrigado a assinar um laudo de interdição.. alegando que nossa casa estava em área de risco. Eu não vou assinar um laudo que minha casa tá caindo porque minha casa não está caindo.
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- Mas veja bem, não é porque vai vir a copa, a copa vai passar.. e nós vamos ficar aqui.. quando for 2014, chegar agosto de 2014, num tem mais nada assim, ninguém fala nem mais no assunto, quem ganhou, ganhou, quem perdeu, perdeu. E se chegar a tirar a gente daqui quem vai ficar no prejuízo somos nós.
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- O povo unido jamais será vencido.
- O povo tá na rua, justiça, a culpa é sua.
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- Por que a Dilma não vem aí pra ver isso? ... Aí eles deixam isso aí pra gente aqui resolver. Aí fica tendo que.. ficar acuado pra uns caras desses dando tiro e jogando bomba no meio dum monte de criança. Isso é um absurdo, rapá. Que país é esse?, tá maluco?
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- Essa é a violação básica de todo esse processo: o não direito a informação e o não direito a participação, apesar das promessas de informação e participação que nós tivemos no nosso país.
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- O mundo é cruel. Todos escondem suas sujeiras até quando recebem gente na sua casa.
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- E a coisa mais paradoxal é que estão sendo removidas comunidades que têm a concessão especial, inclusive a titulação na mão.
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- Não há razão nenhuma para retirar a não ser o fato que são pobres. Eu já propus num debate público dizendo: Por que vocês não fazem disso um modelo de vocês? Vai ter um parque olímpico, um equipamento esportivo, por que que os moradores dessa vila não podem gozar e usar esses equipamentos? Por que vocês não fazem um projeto de urbanização modelo fazendo um legado social?
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- E ao fazer essa remoção - e é muito importante dizer que não é proibido remover -, é que quando se remove respeitando os direitos humanos, você tem reassentamento ou compensação financeira. E tanto reassentamento como a compensação finaceira, primeiro: não pode deixar ninguém sem casa, sem terra, sem teto; segundo: não pode impor uma condição de moradia pior do que a condição de moradia que a pessoa tem.
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- E não é por acaso que as obras vão cair exatamente por cima da comunidade.. pra sair mais barato.

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2014, a Copa que o Brasil já perdeu
por Thiago Arantes em 25/04/2013. 

“O Brasil será o grande derrotado na Copa do Mundo de 2014. Esqueçam esquemas táticos, análises técnicas, convocações, gols ou arbitragem. A derrota não virá numa zebra nas oitavas de final contra a Bélgica, num duelo épico de quartas contra a Itália, numa semifinal angustiante contra a Espanha ou num Maracanazzo reloaded contra a Argentina.

A derrota já veio. O Brasil perdeu a Copa de 2014.

Foto: J. Duran Machfee. Esportes Terra.

O Brasil perdeu, leiam bem. O que vai acontecer com a seleção brasileira é outra história. Uma história que muda pouco o que realmente importa. O Brasil perdeu a Copa de 2014.

Foto: J. Duran Machfee. Esportes Terra.

Um evento como a Copa é a chance de um país mudar, se redescobrir, sanar problemas e construir soluções, mesmo que seja sob a fajutíssima desculpa de "o que o mundo vai pensar da gente se não estiver tudo dando certo?". Que seja, não importa a desculpa, desde que sejam construídas estradas, linhas de metrô, corredores de ônibus, elevadores, hotéis, e, vá lá, até um ou outro estádio.

Foto: J. Duran Machfee. Esportes Terra.

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Mas o Brasil hoje corre para retocar a maquiagem, empurra a vassouradas a sujeira para debaixo do tapete, tranca os cachorros pulguentos na despensa e manda a criançada dormir mais cedo, porque sabe como é criança quando chega visita, desanda a falar cada coisa...

Foto: Gabriella Julie/G1. Portal G1.

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Pouco mais de um ano para a Copa do Mundo e os taxistas que falam inglês continuam a ser uma raridade, as placas de trânsito seguem indecifráveis para estrangeiros, os hotéis e vias públicas não vão dar conta do recado, obras de mobilidade urbana de Manaus, Brasília e São Paulo não ficarão prontas - umas foram canceladas, outras postergadas, todas custaram irreversíveis milhões e não é difícil adivinhar quem pagou a conta.
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Enquanto isso, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, diz que a organização da Copa do Mundo no Brasil seria mais fácil se o país fosse menos democrático e tivesse menos esferas de governo, legal é a Rússia, que tem um poder centralizado e menos palpiteiros.

A organização da Copa do Mundo seria mais fácil, monsieur Valcke, se ela estivesse nas mãos de gente diferente.


De gente que não estivesse interessada apenas em sugar dinheiro do país com o benefício de isenção de impostos. A organização da Copa do Mundo seria mais fácil se ela fosse feita para, de fato, deixar o país com algumas pequenas vitórias em áreas que vão muito além do campo de jogo.

O Brasil de Felipão, de Neymar, de Ronaldinho ou Kaká, o Brasil pentacampeão, seja com volantes classudos ou brucutus, pode ganhar ou perder a Copa de 2014.

O Brasil de 200 milhões de pessoas, aquele que acordará no dia 14 de julho de 2014 para trabalhar, este sairá da Copa derrotado. Qualquer que seja o resultado da final.”



É isso, gente. Um salve pra trilha sonora do documentário e um beijo pra vocês. 

May.


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