quinta-feira, 11 de julho de 2013
Sobre o Congresso Nacional Cidade e Sustentabilidade: A Goiânia que queremos


Olá, pessoal, como estão?
Hoje, com um certo atraso, viemos comentar sobre o “Congresso Nacional Cidade e Sustentabilidade: A
Goiânia que queremos”, que aconteceu nos dias 06 a 08 de julho no Centro
Cultural UFG. O evento contou com a participação de renomados palestrantes e
foi marcado por um protesto no último dia que, dentre outros pontos, questionava:
sustentabilidade para quem? Confiram nossas percepções neste post.
O último dia do congresso foi marcado por uma manifestação: "Sustentabilidade pra quem?"
Fotografia: Mais Eco Educação
O primeiro dia de debate (06 de jul., sábado) se iniciou com a Mesa 1: A cidade que queremos, que teve a participação do jornalista paulistano Gilberto Dimenstein como palestrante, onde falou sobre o projeto Bairro Escola, projeto muito interessante que tem o objetivo de transformar a comunidade em um ambiente de aprendizagem que amplie os limites das salas de aula através de intervenções no espaço que despertam na população o senso de pertencimento ao lugar. Além disso, apresentou outras ideias para tornar a cidade mais integrada, mais inovadora e mais educada. Para isso, deu ênfase à ideia de cidade como “incubadora de talentos” e ressaltou a importância da tecnologia e das redes sociais expondo o site Catraca Livre, renomada página que, de acordo com Dimenstein, surgiu da ideia de reunir em um só lugar tudo que São Paulo tem de graça ou mais acessível. Hoje o Catraca Livre é dividido em duas páginas: São Paulo e Rio. Durante o momento de debates após a palestra, Dimenstein se ofereceu para a realização de uma página do Catraca Livre para Goiânia. Vamos ver se sai, né?
O jornalista paulistano Gilberto Dimenstein | Fotografia: Mais Eco Educação
A
Mesa 2 tinha o mesmo tema da anterior e teve como palestrante o arquiteto e
urbanista Roberto Montezuma, professor da UFPE e presidente do Conselho de Arquitetura
e Urbanismo de Pernambuco - CAU/PE -,
que falou brevemente sobre o histórico de Recife, sua atual situação e sobre os
conflitos e metas da cidade para 2037. Assim, apresentou o projeto Árvore d’água,
que tem o interesse de repensar a articulação espacial da cidade de Recife
através de participação democrática e promovendo o conceito de bairros-parques.
O
segundo dia de congresso (07 de jul. domingo) começou com a Mesa 3: A cidade
hoje na fala do palestrante Washington Novaes,
jornalista, documentarista e produtor independente de televisão, que dirigiu
sua palestra através de suas experiências nas cidades que viveu: São Paulo, Rio
de Janeiro e Goiânia. Falou das consequências fortes do aumento populacional
desordenado nas três cidades ocasionado principalmente por influência de políticas
oficiais para desenvolvimento econômico. Para Goiânia deu tratamento especial
com base na vivência na cidade desde 1982, quando, para ele, a cidade
definia-se como encantadora. Dos problemas que surgiram ao decorrer do tempo,
citou a poluição da paisagem, variação de temperatura, aumento de resíduos e
seus problemas, etc. Ao final de sua palestra, elencou uma série de sugestões
que poderiam melhorar a cidade de alguma forma tornando-a mais sustentável:
elaboração de um macro plano diretor urbano; pedágio urbano; remoção de
moradores em áreas de risco bem como destinação de novos locais para eles; nova
legislação para paisagem urbana; regras para arborização; implantação de fiação
subterrânea e projetos de eficiência energética.
A
mesa 4, de mesmo tema da mesa 3, contou com a participação da arquiteta e
urbanista Marta Romero, professora da UnB e coordenadora do Laboratório de Sustentabilidade
aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo – LaSUS,
que contextualizou a situação atual bem como alguns problemas dando exemplos de
algumas cidades, principalmente Brasília. Ao final, assim como o palestrante
anterior, também deu sua contribuição propondo soluções para cidades mais
sustentáveis.
No
terceiro dia (08 de jul. segunda-feira) contamos um imprevisto. A Mesa 5: A
história da cidade que teria como palestrante o Coordenador Nacional do
Programa de Aceleração do Crescimento para Cidades Históricas do IPHAN, Robson
Antônio de Almeida, foi cancelada por motivos de força maior, como alegou a organização
do evento.
O
protesto que falamos no início do texto começou logo no início das atividades
desse dia, durante a fala do Secretário Municipal de Desenvolvimento
Sustentável Nelcivone Melo. Os/As manifestantes entraram na sala com cartazes,
camisetas e um banner criticando a bandeira de sustentabilidade levantada de
maneira equivocada por parte da Prefeitura Municipal de Goiânia e também
denunciando o descaso com o patrimônio histórico e cultural da cidade relatando
o fato da demolição de uma das primeiras casas construídas no Centro de
Goiânia, localizada na Rua 20 e que representava muito para a história da
cidade. (Veja a notícia aqui.) Em resposta às reivindicações dos manifestantes, o secretário Nelcivone Melo se ofereceu para recebê-los em outra hora.
Sendo
assim, as atividades do último dia de congresso seguiram com a Mesa 6: A cidade
criativa, onde esteve presente como palestrante a assessora em economia
criativa para a ONU (UNCTAD e PNUD), a paulistana Ana Carla Fonseca que falou
muito de intervenções criativas na cidade de modo a torná-la mais inovadora e
sustentável, obviamente. Enfatizou a definição de cidade como um local para as
pessoas se encontrarem e, por isso, da importância em se gerar uma identidade. O
ponto tratado por Ana Carla para se ter a iniciativa de uma cidade criativa é
analisar o que ela tem de único, observar seu diferencial. Para isso devem
contar com três pontos básicos: inovações, conexões e cultura. Em seguida,
exemplificou com estudos de casos de inúmeras cidades que tomaram algumas
iniciativas desse tipo. Ao fim, sugeriu dois websites para quem se interessar mais sobre o assunto: o Criaticidades e o Garimpo de Soluções, do qual Ana Carla faz parte.
E assim,
logo após as discussões comuns ao fim de cada uma das palestras, o Congresso
foi encerrado. E qual foi nossa percepção? Bem, algumas coisas que vemos em
muitas das discussões sobre sustentabilidade.. a falta de tratar da
sustentabilidade de forma mais ampla. Nada – ou quase nada – foi apresentado
pelos palestrantes visando diretamente a diminuição da desigualdade social. Algumas sugestões eram realmente interessantes, mas voltadas para a classe média e que, provavelmente,
aumentariam a disparidade de desigualdade social e econômica. É bem o que a
galera do protesto tava questionando: “Sustentabilidade para quem?” Os bairros
citados sempre eram Setor Bueno, Setor Oeste, Jardim Goiás e mais do tipo. Como
uma participante bem colocou, pensar Goiânia a partir de um trajeto burguês é
confortável demais. Outra professora que estava presente também observou que
não havia vereadores presentes. Como pode, né?
Mas em
partes, é claro, foi interessante a participação no congresso. É certo,
nunca perdemos por participar de discussões como essa, mesmo que sejam assim.. de
um jeito meio torto. Mas estamos começando, precisamos valorizar a iniciativa
em ao menos se falar sobre o assunto e abrir o evento para a participação da
sociedade civil. Só que entendemos que é necessário um pouco mais de esforço
pra que esses debates não fiquem em torno de conceitos limitados e que
desprezem grande parte da cidade que, por motivos que já conhecemos, já é
desprezada em todos os outros dias.
Pra terminar, deixamos a citação do poeta William Yeats na fotografia acima e que foi lembrada pelo jornalista Washington Novaes: "Nossa missão é tentar. O resto não é da nossa conta". Mas vamos pensar justamente em melhorar a forma como tentamos.
É isso gente. Até a próxima.
É isso gente. Até a próxima.
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