quinta-feira, 27 de junho de 2013
Novo Código Florestal do Estado de Goiás – Audiência pública e Manifestação


Confiram como foi a audiência pública ontem, quarta-feira 26, e saibam da manifestação que vai rolar hoje
Boa
tarde, pessoal! Como estão? Hoje viemos contar pra vocês como foi a calorosa
audiência pública de ontem (quarta-feira, 26) que discutiu o projeto de lei
para o novo Código Florestal do Estado de Goiás. Podemos dizer que foi bem
enervante e que opiniões muito controversas foram apresentadas, e por isso
mesmo, antes de qualquer opinião acerca dos pontos tratados, entendemos que
muito ainda se tem a discutir, e que, então, vale a pena participar da
manifestação de hoje. Vejam só.
Fotografia:
Assembleia Legislativa
A
audiência foi promovida no auditório Costa Lima da Assembleia Legislativa na
manhã de ontem, quarta-feira, 26, e discutiu o projeto de lei elaborado pelo
governo que institui o novo Código Florestal do Estado de Goiás e suas adequações
à legislação federal (lei 12.651, criada em maio de 2012). A intenção era promover
mais uma discussão à matéria antes de sua votação em plenário. Atualmente ela
se encontra com pedido de vista nas Comissões Mistas, passível de receber
emendas. De acordo com o site, sua tramitação deveria voltar à pauta da reunião
a ser realizada na tarde de ontem mesmo, quando venceu o prazo para o pedido de
vista. Todavia, segundo o relatório das atividades apresentadas no site da
Assembleia Legislativa, isso não aconteceu.
O
início da audiência pública se deu com a composição da mesa, onde estavam
presentes os deputados Mauro Rubem, Daniel Messac, Valcenôr Braz, Daniel
Vilela, Talles Barreto, o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Luiz Carlos
do Carmo, a coordenadora do CAOMA-MP/GO, Suelena Carneiro e demais
representantes da sociedade civil organizada.
Como
publicamos aqui quando divulgamos o evento, a audiência foi solicitada bem de
última hora. De acordo com a coordenadora do Centro de Apoio Operacional do
Meio Ambiente do Ministério Público de Gioás (CAOMA-MP/GO), Suelena Carneiro
Caetano Fernandes Jayme, que foi responsável pela defesa de alterações no
projeto de lei, a audiência só foi convocada devido a um documento endereçado a
alguns deputados estaduais com a contestação de alguns pontos.
Em
seguida, foram feitas duas breves apresentações: a primeira, na pessoa de
Suelena representando o Ministério Público, apontava modificações no projeto de
lei; e a outra, na pessoa do superintendente de Gestão e Proteção Ambiental da
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Marcelo Lessa,
defendia a aprovação do projeto do jeito que está.
Suelena
apresentou pontos do novo código que chamou de mitos e falsas premissas. Um deles
é a afirmação da lei de que hoje faltam áreas agricultáveis. E outra de que o
código anterior não tinha base científica. Ao contrário, Suelena afirma que o
novo projeto de lei é que não possui base científica, e que recebeu críticas
pela USP, SBPC, ABC, dentre outras entidades.
A SBPC editou estudo científico demonstrando que o Novo Código Florestal será prejudicial à proteção dos ecossistemas, especialmente em relação à preservação dos recursos hídricos e da biodiversidade. (Suelena Carneiro)
Além
disso, outra crítica é contra o fato da Lei 12.651/12 utilizar como critério
principal para definir a metragem da faixa de APP (Área de Proteção Permanente)
não mais a largura do curso d’água, mas o tamanho da propriedade em módulos
fiscais, medida definida pelo INCRA de grande variação para cada cidade.
De
acordo com Suelena, a nova lei deixa claro que não dá a menor importância às
APP’s. Uma das principais alterações nas APP’s é a permissão de recomposição de
reserva com 50% de espécies exóticas ou compensação em outra Bacia Hidrográfica
ou Estado, desde que no mesmo bioma. Além do mais, a lei adota o instituto da
consolidação o direito à manutenção de atividades ilegalmente instaladas em
áreas ambientalmente protegidas desde que anteriores a uma data definida
(22/07/2008).
Outra
coisa criticada pelo Ministério Público é que a lei isenta os imóveis com até
04 módulos fiscais da obrigação de recuperar a reserva legal. De acordo com
Suelena, essa “exceção” abrange 90% dos imóveis rurais do país, ou seja,
praticamente acaba com a recuperação da Reserva Legal. O MP afirma ainda que é
falsa a afirmação de que o novo código busca proteger o pequeno produtor, que a
nova lei não beneficia a agricultura familiar.
Segundo
a apresentação de Suelena, a aprovação desta lei pode trazer graves resultados,
como escassez de água, erosão e assoreamento, prejuízo à qualidade do solo, à
biodiversidade, perda de produtividade, desastres naturais e a possibilidade de
propiciar o lançamento de 25 a 31 bilhões de toneladas de carbono que foram
acumulados pela vegetação nativa, o que representa 52 vezes mais gases do
efeito estufa do que foram lançados pelo Brasil em 2007.
Com a promulgação da Lei nº 12.651/12, o Brasil é o primeiro país democrático a aprovar Lei Federal de retrocesso na preservação ambiental. Não só livra degradadores de multas e processos por crimes ambientais, como também permite que continuem explorando as áreas ilegalmente desmatadas, sob o argumento de que estão ‘consolidadas’! Não será a redução das áreas ambientalmente protegidas que trará a tão desejada sustentabilidade. (Suelena Carneiro)
Encerrada
a apresentação de Suelena, Marcelo Lessa tomou a palavra e apresentou a defesa
do novo Código Florestal expondo objetivos e razões principais, apresentando o
CAR-GO (Cadastro Ambiental Rural do Estado de Goiás), registro eletrônico de
âmbito estadual para controle e monitoramento dos imóveis rurais. Afirmou que muito
do que foi dito pela coordenadora do CAOMA-MP/GO não procede e tratou de
defender os pontos estabelecidos na nova lei, que foi fruto de grandes
esforços, sublinhando a participação de 21 instituições no grupo de trabalho
que preparou o texto. Em seguida apresentou pontos mais restritivos em prol do
meio ambiente. E no novo texto, segundo Lessa, não utiliza sequer o permitido
na Lei Federal, sendo o Código Estadual proposto mais conservador que o
aprovado pelo Congresso Federal. Em resumo, Marcelo Lessa informou que a
reforma tem o intuito de promover uma política de inclusão, permitindo ao
agricultor garantias para poder trabalhar com sustentabilidade.
O novo Código traz soluções para questões que têm provocado insegurança jurídica e, consequentemente, atrapalhado o bom andamento da atividade em Goiás. (Marcelo Lessa)
Aberto
o espaço para a plenária, as ideias foram bem contraditórias. Alguns representantes
de entidades acadêmicas como a UFG e a PUC-GO declararam não terem sequer sido
convidadas para participarem do estudo da nova lei nem para suas presenças nas
audiências públicas em todo o Estado, que de acordo com o deputado Valcenôr
Braz, foram coordenadas pela Comissão de Meio Ambiente da Assembleia e pela Semarh,
com a presença do Ministério Público e autoridades da sociedade goiana, de
forma que o assunto já havia sido discutido o suficiente.
Agricultores
protestam em favor ao novo projeto de lei. | Fotografia: Mais Eco Educação
Em
resumo, os deputados e representantes da produção agropecuária apresentaram
suas opiniões de formas favoráveis à aprovação do novo projeto de lei,
afirmando que agora o mais importante é dar condições para a Secretaria de Meio
Ambiente e os órgãos ambientais para que possam cumprir as leis.
Hoje estamos assistindo aqui a mais uma discussão do que já foi exaustivamente trabalhado. Todos têm a consciência de que temos que produzir e preservar. É preciso então colocar as ideias em ação. (Pedro Alves, presidente da Fieg)
Entretanto,
representantes da área acadêmica, juntamente com o Ministério Público, pediram
encarecidamente diversas vezes para que a votação desse projeto de lei fosse
adiada, e inclusive ofereceram espaços para o agendamento de novas audiências
públicas para que esse assunto fosse discutido mais profundamente. Frisaram que se posicionam não contra o projeto de lei, mas contra a sua aprovação nas sua forma atual.
E
para hoje está marcada uma manifestação para às 14h em frente à Assembleia
Legislativa aqui em Goiânia para que esse projeto de lei tenha sua votação
adiada e que possa ser mais discutido. Só ficamos sabendo agora, por isso não avisamos antes. É importante que a assembleia fique
ciente de que estamos dispostos a pensar mais e que sabemos da importância
dessa discussão. Quem puder, participe! Infelizmente não vamos poder estar, mas
se pudermos, traremos notícias.
Até
a próxima, pessoal!
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